As campanhas dos cabeças de lista dos dois maiores partidos às eleições europeias vão atingir o seu pico em maio, com o aproximar das eleições europeias, mas alguns eventos já começaram e estão previstas idas a Portugal.
A 70 dias das eleições para o Parlamento Europeu, que decorrem entre 06 e 09 de junho nos 27 países da União Europeia (UE), os dois maiores partidos – Partido Popular Europeu (PPE) e Partido Socialista Europeu (PES, na sigla inglesa) – já estão a pensar na campanha eleitoral, ainda que a ritmos diferentes, segundo informação dada por fontes partidárias à agência Lusa.
No início de março, o PPE – partido atualmente com maior representação na assembleia europeia – elegeu a atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, como sua ‘Spitzenkandidat’ (cabeça de lista), enquanto o PES escolheu o comissário europeu do Emprego e Direitos Sociais, Nicolas Schmit.
Fonte do PPE afirmou à Lusa que, de momento, o partido de centro-direita está a “concluir alguns processos” de contratação de equipas e de recursos, que só puderam avançar após a escolha oficial de Von der Leyen, esperando que nestes primeiros dias de abril haja anúncios sobre a campanha eleitoral.
De acordo com a mesma fonte partidária, o PPE terá “alguns eventos porque a candidata está empenhada em fazer uma campanha intensa, que irá crescendo lentamente, porque até ao final de abril o parlamento ainda está a trabalhar e os processos legislativos ainda estão abertos”.
Assim, “a campanha começa a intensificar-me em maio”, estimou a mesma fonte, sublinhando que “a candidata quer ser tão aberta quanto possível”, numa altura em que Ursula von der Leyen é criticada em Bruxelas por não participar em muitas ocasiões com a imprensa europeia.
Previsto está que a ‘Spitzenkandidat’ do PPE se desloque a um mínimo de sete países da UE, número que poderá ser superior e poderá incluir Portugal, sem que isso esteja assegurado.
Uma vez que estará a fazer a campanha ao mesmo tempo que mantém a liderança do executivo comunitário, se Ursula von der Leyen “estiver num evento do partido em Portugal e houver uma catástrofe natural na Grécia, por exemplo, pode ter de tomar uma decisão enquanto presidente da Comissão Europeia, mas tem sempre de diferenciar os seus papéis”, explicou a fonte do PPE à Lusa, garantindo que “as regras serão seguidas com a devida diligência”.
A mesma garantia foi dada à Lusa por fonte do PES, sendo que, em ambos os casos, não é necessário que os responsáveis se ausentem dos seus papéis na Comissão Europeia, mas têm de seguir o novo código de conduta da instituição e, por isso, não podem ter na campanha funcionários dos seus gabinetes ou usar redes sociais oficiais e outros recursos institucionais.
A fonte do PES avançou à Lusa que Nicolas Schmit se desloca a Portugal esta semana, entre quinta-feira e sexta-feira, para participar no evento “Habitação para todos: Cidades e regiões progressistas construindo o futuro da política de habitação”.
Ao todo, já existem “eventos confirmados em muitos Estados-membros, num total de já 13 em toda a Europa, alguns dos quais o candidato visitará várias vezes”, explicou a fonte dos socialistas, assinalando que, “à medida que se aproxima o final, haverá cada vez mais e mais atividade”.
Ao contrário de Ursula von der Leyen, Nicolas Schmit já tem “muita coisa a acontecer na campanha”, referiu este responsável, especificando que grande parte destes eventos “centra-se nos principais grupos de eleitores progressistas, como jovens, mulheres e sindicalistas”.
“À medida que nos aproximamos do dia das eleições, as coisas vão-se tornando cada vez mais movimentadas”, reforçou.
Questionado sobre o facto de Portugal deixar de ter um Governo socialista, a fonte do PES adiantou que este será sempre “um país importante” por aí existir “um partido forte [PS] e com o qual existem boas ligações”.
De momento na UE, apenas Alemanha, Espanha, Malta, Dinamarca e Roménia têm chefes de Governo ou de Estado do PES, contra 12 do PPE (Grécia, Croácia, Letónia, Lituânia, Suécia, Áustria, Irlanda, Finlândia, Chipre, Polónia, Luxemburgo e, futuramente, Portugal).
Quanto às principais ‘bandeiras’ das campanhas, o PES destaca as questões sociais (como direitos dos trabalhadores, oportunidades para jovens, luta contra pobreza infantil) e a sustentabilidade ambiental, enquanto o PPE elege a segurança, o combate à imigração ilegal e a democracia baseada no Estado de direito.
A figura dos candidatos principais – no termo alemão ‘Spitzenkandidat’ – surgiu nas eleições europeias de 2014, com os maiores partidos europeus a apresentarem as suas escolhas para futuro presidente da Comissão Europeia.
De seguida, em 2019, tentou-se aplicar novamente este modelo, mas por desacordo entre os grupos políticos estes candidatos principais não ocuparam os altos cargos europeus, razão pela qual se optou por Von der Leyen apesar de esta não ter sido cabeça de lista do PPE nesse ano.
Este é o procedimento através do qual os partidos políticos europeus, antes das eleições, nomeiam cabeças de lista para o cargo de presidente da Comissão Europeia, sendo este papel atribuído ao candidato capaz de reunir maior apoio parlamentar após o sufrágio.

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