Bruxelas – Mais de 70% dos portugueses estão a tentar reduzir em despesas que não são essenciais, por exemplo, inscrições em ginásios e plataformas de streaming para conseguirem fazer face ao aumento de custos como a renda, eletricidade e águas.
De acordo com um relatório divulgado pela Intrum, referente a janeiro de 2024, os consumidores portugueses inquiridos referiram que sacrificaram “alguns gastos discricionários”, como ginásios ou plataformas de streaming, para fazerem face aos compromissos financeiros.
Ao nível da União Europeia, 55% dos consumidores estão tentar reduzir os gastos que não são essenciais, mas em Portugal a percentagem é bem mais elevada e está nos 73%.
Entre os consumidores portugueses, 62% gastam o seu dinheiro em despesas essenciais inevitáveis, por exemplo, a renda e as contas da eletricidade e da água.
“De um modo geral, há cada vez mais provas de que a situação financeira precária de muitos europeus está a provocar um sentimento de alienação. Quase metade [46%] acredita que, ao longo da sua vida, estará pior financeiramente do que os seus pais”, dá conta o relatório.
Portugueses estão entre os que menos resistentes ao stress financeiro
Esta pressão financeira está a levar os consumidores portugueses a procurarem, por exemplo, fontes de rendimento adicionais.
No que se refere à avaliação de resistência ao stress financeiro, Portugal teve uma classificação de 38%, abaixo da média da União Europeia (46%).
Os Países Baixos (59%), Dinamarca (57%), Suíça (57%) e Espanha (55%) têm maiores índices de confiança na sua gestão do stress financeiro.
As despesas essenciais representam mais de metade do rendimento médio mensal na Europa: “As despesas essenciais representam 56% do rendimento médio mensal na Europa, desafiando a regra tradicional de 50%-30%-20% [respetivamente para despesas essenciais, despesas discricionárias e poupanças]”.
As dificuldades agravam-se entre as mulheres, que dedicam, em média, 59% do seu rendimento mensal às despesas essenciais, contra os 54% no caso dos homens.
Para a realização desta análise foram recolhidos dados, entre 02 e 25 de janeiro, de 20.000 participantes da Áustria, Bélgica, República Checa, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Noruega, Polónia, Portugal, Eslováquia, Espanha, Suécia, Suíça, Países Baixos e Reino Unido.
Para que a amostra fosse o mais representativa possível foram estabelecidas quotas por país quanto ao género, idade e religião.
A Intrum, que tem sede em Estocolmo, na Suécia, opera no setor dos serviços de gestão de crédito, contando com cerca de 10.000 colaboradores.
Em Portugal, a empresa está presente desde 1997, com escritórios em Lisboa e no Porto e mais de 250 colaboradores.
AFE/PE
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