O primeiro-ministro defendeu na noite de quinta-feira que o nome de António Costa para o Conselho Europeu “reúne todas as condições para ser aceite” na cimeira da próxima semana, após ter garantido aos seus homólogos “apoio inequívoco” de Portugal à nomeação.

“Posso dizê-lo também, no decurso daquilo que já tinha sido uma afirmação que eu tinha feito junto dos meus colegas do Partido Popular Europeu [PPE], que se trata de uma candidatura que reúne todas as condições para ser aceite e consubstanciada com uma decisão final”, disse Luís Montenegro, em conferência de imprensa no final de uma reunião informal do Conselho Europeu, em Bruxelas.

O primeiro-ministro reiterou perante os seus homólogos europeus “de forma absolutamente inequívoca o apoio de Portugal, do Governo português, da Aliança Democrática” à candidatura do ex-primeiro-ministro português para sucessor de Charles Michel.

Luís Montenegro, à semelhança do que tinha dito ao início da tarde de quinta-feira, considerou que António Costa e o PS partilham “valores muito coincidentes” com os do PSD sobre o projeto europeu e têm “pontos de vista muito próximos, nem sempre iguais”.

E refutou novamente as críticas de que a AD só apoia o socialista António Costa por ser português, reconhecendo que esse fator também pesou na decisão, como pesaria para qualquer país que tivesse um candidato a ser ponderado para um dos três cargos de topo da União Europeia.

O jantar informal de líderes da União Europeia terminou na quinta-feira sem acordo, numa primeira discussão que será retomada na próxima semana sobre cargos de topo no mandato seguinte que envolve o ex-primeiro-ministro António Costa, avançou à Lusa fonte comunitária.

A mesma fonte europeia indicou que os líderes no Conselho Europeu querem ver um programa antes de chegarem a acordo sobre os nomes.

Antes, durante e depois do jantar realizaram-se várias reuniões bilaterais para facilitar as negociações, indicaram várias fontes europeias.

Este foi o início oficial de um debate sobre os cargos de topo da UE que deve culminar com uma decisão na cimeira europeia ordinária da próxima semana, discutindo-se o nome de António Costa para a liderança do Conselho Europeu, o de Ursula von der Leyen e o de Roberta Metsola para segundos mandatos na Comissão e no Parlamento, respetivamente, e o da primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para chefe da diplomacia comunitária.

Este jantar informal dos líderes da UE sobre os cargos de topo no próximo ciclo institucional, entre 2024 e 2029, decorreu uma semana depois das eleições europeias, que deram vitória ao Partido Popular Europeu (PPE), seguido dos Socialistas e Democratas (S&D) e dos liberais do Renovar a Europa.

Hoje, os três partidos – PPE, S&D e liberais – “apresentaram os três primeiros candidatos””, incluindo, assim, o nome de António Costa para o Conselho Europeu, adiantou à Lusa um diplomata europeu envolvido nas negociações.

Os Socialistas devem anunciar em breve o seu apoio oficial a António Costa, bem como o aval a Von der Leyen, sendo este o passo que o PPE (que tem mais líderes no Conselho Europeu) aguarda para depois decidir o apoio ao ex-chefe de Governo português.

 António Costa, que se demitiu em novembro na sequência de investigações judiciais, continua a ser apontado para suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, numa nomeação que é feita pelos líderes europeus, que decidem por maioria qualificada (55% dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população total).

É também o Conselho Europeu que propõe o candidato a presidente da Comissão Europeia, instituição que tem vindo a ser liderada desde 2019 por Ursula von der Leyen, num aval final que cabe depois ao Parlamento Europeu, que vota por maioria absoluta (metade dos 720 eurodeputados mais um).

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