O PS e a Iniciativa Liberal foram os vencedores das eleições de domingo em Portugal, que ficaram marcadas pela derrota da extrema-direita do Chega em contraciclo com a maioria dos outros países da União Europeia.
Apesar de perder um eurodeputado relativamente a 2019, elegendo oito dos 21 eurodeputados, o PS consegue reforçar o seu resultado em 160 mil votos, vencendo em 11 dos 18 distritos e superando a votação da Aliança Democrática (PSD-CDS-PPM), que tinha ganhado as legislativas realizadas há três meses.
Os socialistas venceram, contudo, com uma margem mínima sobre a AD (menos de 40 mil votos e um ponto percentual), o que não lhes permite acalentar a expectativa de um regresso ao poder a curto prazo na sequência de uma hipotética crise política provocada pelo chumbo do Orçamento do Estado para 2025.
Outro dos vencedores das eleições europeias foi a Iniciativa Liberal, que vai estrear-se no Parlamento Europeu com dois eurodeputados, após alcançar mais de 357 mil votos e quase duplicando o resultado percentual das legislativas de março (9% contra 4,9%).
A grande derrota da noite eleitoral foi do partido Chega, que depois de ter feito sensação nas legislativas de há três meses com 18%, ficou-se agora pelos 9,8% e falhou o objetivo de vitória eleitoral repetido na campanha eleitoral pelo seu líder, André Ventura.
A derrota da extrema-direita portuguesa ocorreu em contraciclo com muitos dos países europeus, designadamente em França, onde a vitória da União Nacional de Marine Le Pen levou o Presidente da República, Emmanuel Macron, a anunciar a dissolução da Assembleia Nacional e a convocação de legislativas antecipadas.
Outro dos derrotados da noite foi o PAN (Pessoas-Animais-Natureza), que perdeu a sua representação no hemiciclo europeu.
À esquerda, o BE e a CDU (coligação PCP-PEV) perdem um eurodeputado cada, mas mantêm a representação no Parlamento Europeu, que nas sondagens durante a campanha chegou a ser dada por perdida. O Livre também falhou a eleição e é outro dos derrotados da eleição europeia.
A eleição europeia abre ainda a perspetiva da eleição do anterior primeiro-ministro António Costa como presidente do Conselho Europeu, que deverá recair num socialista.
As eleições europeias ficaram ainda marcadas pelo recuo da abstenção para cerca de 63%, menos seis pontos percentuais do que há cinco anos, para o que terá contribuído a possibilidade de voto em mobilidade que permitiu aos eleitores votarem numa assembleia de voto à sua escolha no país ou no estrangeiro.

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