O candidato principal do Partido Socialista Europeu às eleições europeias de junho, Nicolas Schmit, defende que o primeiro-ministro, António Costa, poderia “ocupar muitos bons cargos” ao nível da União Europeia (UE), nomeadamente à frente do Conselho Europeu.
“Não quero especular sobre o tipo de cargo que poderia ocupar, mas é óbvio que poderia ocupar muitos bons cargos também ao nível europeu”, referiu Nicolas Schmit, em entrevista à agência Lusa em Bruxelas.
Questionado pela Lusa dois dias após as eleições legislativas em Portugal que deram vitória à Aliança Democrática (composta pelo PSD, CDS e PPM), o responsável disse que “sem dúvida” que António Costa ainda tem hipóteses para presidir ao Conselho Europeu, como tem sido apontado, e que “sim” seria um bom líder da instituição europeia, que junta os chefes de Governo e de Estado da UE.
“Porque ele tem sido um bom primeiro-ministro. Penso que Portugal, durante os oito anos de Costa, tem tido um bom registo em termos de economia, em termos de melhorias sociais. Certamente que ainda há coisas que não foram alcançadas, mas em termos sociais, em termos de economia, em termos de uma política que não continua o caminho da austeridade, […] penso que tem um bom historial e poderá vir a ter qualquer responsabilidade ao nível europeu”, justificou Nicolas Schmit nesta entrevista à Lusa em Bruxelas.
Aos 70 anos, o luxemburguês Nicolas Schmit, que também é comissário europeu do Emprego e Direitos Sociais, foi nomeado no início deste mês de março `Spitzenkandidat’ (candidato principal) dos socialistas europeus às eleições de junho próximo.
Em dezembro passado, o primeiro-ministro, António Costa, pediu a sua demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
Mas ainda antes da sua demissão e do anúncio da investigação do Ministério Público, António Costa era um dos nomes apontados em Bruxelas para suceder ao atual presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, sem que tivesse assumido tal ambição.
Em meados de dezembro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que António Costa ainda tem condições para presidir ao Conselho Europeu.
Confrontado na altura com a opinião do socialista Francisco Assis, de que António Costa seria muito útil como presidente do Conselho Europeu, o chefe de Estado concordou: “Ah, mas eu não tenho uma dúvida”.
“O primeiro-ministro tem um prestígio europeu excecional e, falando com elementos dos vários grupos políticos europeus, é evidente que ele tem condições para poder vir a ser o próprio presidente do Conselho Europeu, assim ele entenda que tem as condições internas”, disse ainda o Presidente da República.
Analistas ouvidos pela Lusa no início do ano indicaram que António Costa tem chances como presidente do Conselho Europeu, apesar do “final infeliz” do seu último Governo e dependendo do resultado do processo judicial.
“Apesar do final infeliz do último governo de Costa, este ainda tem hipóteses de ser nomeado […] novo presidente” do Conselho Europeu, reagiu à agência Lusa o professor de Direito Europeu e especialista em assuntos comunitários Alberto Alemanno.
Ainda assim, Alberto Alemanno ressalvou que isso “dependerá muito do resultado do processo judicial”.
Posição semelhante manifestou o consultor em assuntos europeus Henrique Burnay, que disse à Lusa que “António Costa é uma possibilidade”, embora notando que o ‘timing’ da investigação em Portugal “é incerto”.
A responsabilidade editorial da publicação cabe à Lusa.