A chefe de governo da Estónia, Kaja Kallas, descreve o ex-primeiro-ministro português, António Costa, como “muito respeitado” pelos líderes da União Europeia (UE), embora salientando que as discussões sobre nomeações para cargos de topo só começam pós-eleições europeias.
“É muito respeitado entre os pares, à volta da mesa [do Conselho Europeu]”, disse Kaja Kallas, em entrevista à agência Lusa em Bruxelas.
Contudo, “ainda não discutimos os nomes, porque toda a gente está à espera dos resultados das eleições para o Parlamento Europeu e nessa altura é que haverá um jogo e e aí é que vai ser interessante”, acrescentou a primeira-ministra da Estónia, numa alusão ao sufrágio que decorre na UE entre 06 e 09 de junho, dentro de 50 dias.
“Ao nosso nível, embora seja algo que compreendo que toda a gente fale, [mas] temos tantos outros tópicos que discutimos neste momento, […] que ainda não discutimos” nomes para cargos de topo, adiantou Kaja Kallas.
O mesmo se aplica a futuros cargos europeus para Kallas, quando o seu nome é apontado para futura Alta Representante da UE, sucedendo a Josep Borrell na chefia da diplomacia comunitária.
No final de março, António Costa participou em Bruxelas no seu último Conselho Europeu, ao fim de oito anos a representar Portugal, num total de 74 cimeiras europeias. Era um dos mais experientes entre os seus homólogos da UE.
O novo primeiro-ministro, Luís Montenegro, participa por estes dias na sua primeira cimeira europeia em Bruxelas, tendo garantido que Portugal mantém um “fortíssimo” compromisso com o projeto europeu, quer na política interna, quer na externa, nomeadamente a respeito da Ucrânia e do Médio Oriente.
Sobre Luís Montenegro, Kaja Kallas disse que “ainda não” o conheceu.
“Por isso, vou ter a oportunidade de me encontrar com ele agora e espero que tenhamos uma boa cooperação com Portugal”, adiantou a responsável, nesta entrevista à Lusa concedida antes do arranque do Conselho Europeu.
A posição sobre Costa surge um dia depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter afirmado que “começa a ser mais provável” haver um português no Conselho Europeu.
Nesse mesmo dia, o Tribunal da Relação de Lisboa rejeitou o recurso do Ministério Público (MP) no processo Operação Influencer e decidiu que os arguidos ficam com Termo de Identidade e Residência.
O MP alegou no recurso que as medidas de coação propostas “eram e são ainda proporcionais à muito elevada gravidade dos crimes imputados e às penas que previsivelmente lhes serão aplicadas”, apesar de assinalar “circunstâncias com manifesto relevo para a tomada de decisão” ocorridas entretanto, como a exoneração de Vítor Escária, a demissão de António Costa do cargo de primeiro-ministro e a dissolução do parlamento para eleições legislativas antecipadas, admitindo que não fosse necessária a aplicação de prisão preventiva.
A legislatura anterior foi interrompida na sequência da demissão de António Costa, após ter sido divulgado que era alvo de um inquérito instaurado no MP junto do Supremo Tribunal de Justiça após ter sido extraída uma certidão do processo-crime Operação Influencer.
Em março deste ano, o candidato principal do Partido Socialista Europeu às eleições europeias de junho, Nicolas Schmit, defendeu que António Costa poderia “ocupar muitos bons cargos” ao nível da União Europeia, nomeadamente à frente do Conselho Europeu.
Antes, no início de 2024, analistas ouvidos pela Lusa indicaram que António Costa tem chances como presidente do Conselho Europeu, apesar do “final infeliz” do seu último Governo e dependendo do resultado do processo judicial.
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