O comissário europeu para a Vizinhança e Alargamento, Oliver Várhelyi, considera que o grande alargamento da União Europeia (UE) em 2004 representou “uma grande vitória” para os 10 países que aderiram e para o próprio bloco.
Em entrevista à Lusa por ocasião do 20º aniversário daquele que também é conhecido como o alargamento ‘Big Bang’, pela sua dimensão e impacto – a UE passou na altura de 15 para 25 Estados-membros -, Várhelyi diz que a vaga de adesões concretizada em 2004, sobretudo de países do centro e leste, “era algo que já devia ter acontecido há muito tempo”.
“A nossa perspetiva na Europa central sempre foi a de que a História, muito injusta desde o final da II Guerra Mundial, deveria ser revertida, pois a Europa central tinha de voltar aonde pertence, ao coração da Europa”, afirma o comissário da Hungria, um dos Estados-membros que se juntou ao bloco comunitário há 20 anos.
A 01 de maio de 2004, entraram na UE uma dezena de países, sobretudo da Europa central e de leste: Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia e República Checa, mais Chipre e Malta. Este alargamento, o maior da história da União, seria seguido ainda da adesão de Roménia e Bulgária, em 2007, e da Croácia, em 2013, que na altura ampliava para 28 o número de Estados-membros da UE, que em 2020 seria reduzido para 27 com a concretização do ‘Brexit’, a saída do Reino Unido.
O comissário europeu para a Vizinhança e Alargamento diz que, “olhando para trás”, lhe parece óbvio que “a Europa central beneficiou largamente” do alargamento de 2004, não só a nível socioeconómico, mas também a nível político, pois “reconquistou a sua força, e tem agora também um papel político muito definido na UE”, além de que a adesão de vários países que antes estavam do outro lado da ‘cortina de ferro’, sob influência soviética, ajudou a consolidar a “democratização” da região.
“Penso que foi um grande ganho para a Europa central e de Leste, mas também estou convencido, olhando para os últimos 20 anos, de que foi igualmente uma grande vitória do lado da UE, pois com a Europa central no seu seio, a UE também ficou muito mais forte”, não só economicamente, mas também politicamente e em termos geoestratégicos e de segurança, porque esta região é agora “indispensável para lidar com as crises” em torno da União, “a mais recente das quais a agressão da Rússia à Ucrânia”.
Apontando que, “no dia a dia, por algumas disputas aqui e ali, e pelo que se lê na imprensa, pode não parecer tão óbvio”, o comissário europeu do Alargamento sintetiza no entanto a sua convicção de que, “dando um passo atrás e olhando para o panorama geral, é justo dizer que é uma vitória para todos” o alargamento verificado há 20 anos.
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